segunda-feira, 7 de novembro de 2011

Aos que partiram!!!

É possível que nenhum sofrimento na Terra seja comparável ao daquele coração que se debruça sobre outro coração gelado e querido que o ataúde transporta para o grande silêncio. Ver a névoa da morte estampar-se, inevitável, na fisionomia daqueles que mais amamos, e cerrar-lhes os olhos no adeus indescritível, é como despedaçar a própria alma e prosseguir vivendo.
Digam aqueles que já apertaram contra o peito o corpo inerte de um ser amado, consumidos pela dor e pela angústia da separação. 
Falem aqueles que, varados de saudade, inclinaram-se, esmagados de solidão, à frente de um túmulo, perguntando em vão pela presença dos que partiram.
Todavia, quando semelhante provação te bater à porta, reprime o desespero e dilui a corrente de mágoa, na fonte viva da oração, porque os chamados mortos são apenas ausentes e as gotas de teu pranto amargo e revoltado lhes fustigam a alma.

Também eles pensam e lutam, sentem e choram.  Atravessaram a faixa do sepulcro como quem se desvencilha da noite, mas, na madrugada do novo dia, inquietam-se pelos que ficaram.  Ouvem-lhes as lamúrias e as súplicas e sofrem cada vez que os afetos deste plano da vida se rendem à inconformação ou ao desânimo.   Lamentam-se pelos erros praticados e trabalham, com afinco, na regeneração que lhes diz respeito.  Estimulam-te à prática do bem, compartilhando contigo de dores e de alegrias. Rejubilam-se com tuas vitórias e consolam-te nas horas amargas, para que não te percas no frio do desencanto. 

Tranquiliza, desse modo, aqueles que te antecederam no regresso à pátria espiritual, suportando corajosamente a despedida temporária, e honra-lhes a memória, abraçando com nobreza os deveres que te legaram.

Recorda que, em futuro mais próximo que imaginas, respirarás entre eles, dividindo outra vez necessidades e problemas, porque terminarás tu também a própria viagem no mar das provas redentoras.   Não obstante a morte imponha amargura e dor, frustração e lágrimas naqueles que ficam, vale a pena que permaneças vigilante, a fim de evitar excessos que te impeçam de pensar com clareza.

A morte não é o fim absoluto da querida convivência dos que se prezam, dos que se amam.
Cultiva, então, o bom senso... Sofre e chora, sem que o teu sofrimento perturbe os outros, sem que tuas lágrimas tragam desequilíbrio para tua intimidade... Retira o bom aproveitamento do padecer, amadurecendo, superando-te, para que as tuas provações ou expiações humanas, de fato, façam-te avançar para Deus.

Chora teus mortos?
Então faze desse pranto um aceno de ternura e um bilhete de paz, onde tu digas aos amores desencarnados:

Permitiu Deus que te libertasses antes de mim, e eu disso queixo-me por egoísmo, porque preferiria ver-te ainda sujeito às penas e sofrimentos da vida. Espero, pois, resignado, o momento de nos reunirmos de novo no mundo mais venturoso no qual me precedeste e me aguarda... Até breve e que Deus te abençoe, esposo querido!

(Redação pelo Espírito Camilo, psicografia de J. Raul Teixeira, ed. Fráter e no cap. Ante os que partiram, pelo Espírito Emmanuel, psicografia de Francisco Cândido Xavier, ed. Feb.)